Cresce violência nas escolas
Casos de brigas entre
alunos e ameaças a professores são cada vez mais comuns tanto em instituições
públicas como particulares. Para educadora, responsabilidade da escola
não termina mesmo quando o problema ocorre nas ruas.
Taffareu Tarcísio Estagiário da Tribuna do Sudoeste
Como evitar brigas em um lugar onde a meta é
ensinar e educar? Os conflitos nas escolas são um problema que, cada
vez mais, têm ganhado destaque nos noticiários. Um tipo específico
de violência que não está restrito apenas às capitais e grandes centros
urbanos, mas também no interior. Reféns da cultura da violência, as
escolas não conseguem escapar dessa realidade e é na polícia que
alguns gestores e educadores encontram apoio.
De acordo com Maria Edileuza da Costa Fagundes,
vice-diretora do Colégio Estadual Martins Borges, a maioria dos desentendimentos
ocorrem fora do colégio e os motivos geralmente são disputas dos rapazes
por garotas. "Na maioria das vezes, descobrimos apenas no dia seguinte
ao ocorrido por conta dos comentários dos demais alunos", esclareceu.
Maria Edileuza, que também é psicopedagoga, disse que nesses casos,
mesmo quando o conflito ocorre fora do colégio, é obrigação da escola
interferir. "Nós levamos o aluno até a direção, conversamos com
ele e, dependendo da gravidade, convocamos os pais", acrescentou.
A vice-diretora contou que desentendimentos
ocorrem com frequência, mas que nesse ano já ocorreram fatos como adolescentes
ameaçando uns aos outros e até mesmo meninas de outras escolas irem
até o Martins Borges para brigarem com as estudantes do colégio.
"No início do ano uma adolescente do Colégio do Sol veio até a porta
da escola para brigar com uma aluna nossa. Os estudantes estavam comentando
que ela estava armada, nós levamos a nossa aluna para dentro do colégio
e chamamos os pais dela. A outra menina fugiu", relatou.
Já no que se refere aos casos de violência
contra professores, Maria Edileuza disse que o colégio possui um método
de repreensão aos alunos sem a interferência do professor. "Se o
estudante começar a desacatar o professor, ele é levado imediatamente
à direção para tentarmos solucionar o problema sem gerar uma maior
discussão entre as partes envolvidas", finalizou. Segundo ela,
esses casos, se tratados logo no início, são simples e não geram desentendimentos
posteriores. Mas quando necessário convocam os responsáveis pelo
aluno para tomar medidas mais punitivas.
Conforme o delegado regional e também titular
da Delegacia de Infância e Juventude, Danilo Fabiano, o problema
não é alarmante, mas gera preocupação. O preferível, segundo ele, é
tentar solucionar o problema sem a ação da polícia. Porém, afirma
que, em muitos casos, a interferência dos policiais é inevitável,
como nos registros de adolescentes portando armas brancas nas escolas.
O delegado entende que a maioria desses casos
é fruto de uma desestruturação familiar, além da quebra dos valores
culturais, e que muitos adolescentes criaram o hábito de desafiar
as autoridades. Mas lembra que os menores com idade entre 12 e 18 anos
que cometem atos infracionais respondem pelas suas ações conforme
as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A Vara da Infância
e Juventude tem aplicado medidas sócio-educativas, mas pode determinar
a internação do estudante em casos mais graves. Conforme a promotora
de Justiça da Infância e Juventude, Karina D'Abruzzo, as meninas lideram
as brigas registradas nas escolas de Rio Verde, "E elas estão cada
vez mais violentas", conta.
Desabafo
“Alunos são cruéis com professores”,
garante aposentada.
Aposentada há poucos anos da rede estadual
de Educação e com passagem por escolas do município e também particulares,
a professora Sílvia (nome fictício) sente-se aliviada pelo fato de
estar longe do ambiente escolar. "Os alunos são cruéis. A maioria
dos pais prefere ignorar a realidade e dar razão para os filhos a
qualquer custo", relata. Segundo ela, o problema se tornou mais
acentuado nos últimos anos e aponta o uso de drogas e a "falta de
berço" como molas propulsoras da violência nas escolas.
"Antes não era assim. O professor era respeitado e até temido. Hoje
é o lado mais fraco."
Sílvia nega que a violência seja exclusividade
das escolas públicas ou uma prática apenas de estudantes pobres.
"Os alunos sempre brigaram entre si, mas o alvo preferencial hoje
em dia é o professor." Ela conta que já foi ameaça pelo pai de um estudante
após advertir o aluno a não utilizar o telefone celular em sala de
aula. "Nos últimos anos, a saída que encontrei foi fazer vista
grossa. Cansei de ver aluno bêbado ou drogado na escola."
Fonte: Tribuna do Suldoeste