Um dia
a gente cresce e percebe que vida não é tão colorida, que pouca coisa é
brincadeira, que finais felizes são raros tanto quanto o fato do bem vencer o
mau.
Um dia
a gente cresce e vê que nem tudo é lindo, que as nuvens não são de algodão
doce, que o super-homem não sabe voar, que não tem ninguém na bat caverna,
aprendemos que coelhos não põem ovos de chocolate,
que as cegonhas não trazem nenéns, que talvez não exista o “feliz para sempre”.
Quando a gente cresce compreendemos que as pessoas que amamos
não são imortais, e isso nos traz um misto de angustia e pressa para viver tudo
e de forma intensa.
Ao passo que ficamos velhos recuperamos essa magia da infância
e concluímos que a nossa maior aventura a nossa melhor brincadeira foi uma vida
em busca da felicidade.
Eu tenho pena de quem cresce e esquece a magia da infância, a
pureza das crianças, a alegria das brincadeiras, e a esperança dos
aniversários.
Eu tenho pena de quem cresce e mata a criança de dentro de
si.
Eu tenho medo de crescer e matar o menino que acredita no
impossível, que encara a vida com leveza e vê no amor da família e no carinho
dos amigos o refúgio de paz.
Eu tenho medo de não ver na vida a mesma graça das crianças
que vem o sol, o mesmo sol com alegrias diferentes e constantes.
Eu tenho pena de quem
cresce e fica cego dessas singelezas, órfãos dos sonhos e vazio de esperanças.
Alexandre Saldanha.
OAB-PR nº 47.535
Advogado, Ativista Social, Cientista e Escritor.