O Bullying[1]
é uma espécie de conduta opressiva, intencional e violenta, onde um indivíduo é
assediado por outro ou por um grupo de pessoas que buscam, através de atitudes
e palavras, ferir a auto-estima e a imagem da vítima, pelo simples motivo do
mesmo ter opinião própria, só que diferente da maioria, e geralmente, não
apresentam justificativa.
Entretanto,
o criador deste conceito, dá outra conotação ao bullying, descrevendo-o da seguinte
forma: "Um estudante está sendo intimidado ou vitimado quando ele ou ela
está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a ações negativas por parte de
um ou mais estudantes[2]".
A ABRAPIA[3]
detectou que essas relações de intimidação podem se concretizar de várias
formas, que vão desde agressões verbais e apelidos desdenhosos à discriminação,
à exclusão, ao isolamento e até mesmo em situações mais graves como é o caso da
agressão física.
Encontra-se esse quadro em escolas privadas e públicas de nível
fundamental e médio. Todavia, o acontecimento do bullying é ignorado e/ ou não admitido por muitas instituições de
ensino, ou muitas vezes, ainda o desconhecem ou negam-se a enfrentá-lo. Além
desses locais o bullying tem ocorrido
dentro das casas, mais precisamente no ambiente virtual (cyberbullying), aonde os pais possui pouca ou nenhuma vigilância.
Da mesma forma que as escolas, muitos pais ignoram ou desconhecem a prática
dessa violência por seus filhos.
Os estudos sobre o bullying
iniciaram-se na Universidade de Bergen, na Noruega, e duraram desde 1978 até
1993, com o professor Dan Olweus juntamente com a campanha nacional anti bullying que ocorreu em 1993.
Na década de 70 Olweus iniciou suas observações sobre agressores e suas
vítimas mesmo sem aval ou interesse das escolas sobre o assunto nas
instituições de ensino norueguesas.
Para que fossem aguçados os interesses das escolas da Noruega sobre o bullying foi necessário que três rapazes
entre 10 e 14 anos cometessem suicídio que segundo indícios foram resultados
dessa prática.
Olweus pesquisou inicialmente
cerca de 84.000 estudantes, 300 a 400 professores e 1.000 pais entre os vários
períodos de ensino. Um fator fundamental para a pesquisa sobre a prevenção do bullying foi avaliar a sua natureza e
ocorrência. Como os estudos de observação direta ou indireta são demorados, o
procedimento adotado foi o uso de questionários, o que serviu para fazer a
verificação das características e extensão do bullying, bem como avaliar o impacto das intervenções que já vinham
sendo adotadas.
O questionário proposto por Olweus consistia de um total de 25 questões
com respostas de múltipla escolha, no qual se verificava a freqüência, tipos de
agressões, locais de maior risco, tipos de agressores e percepções individuais
quanto ao número de agressores. Este instrumento destinava-se a apurar as
situações de vitimização e agressão segundo o ponto de vista da própria criança
ou adolescente. Ele foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários
países, inclusive no Brasil, pela ABRAPIA, possibilitando assim, o
estabelecimento de comparações interculturais.
Os primeiros resultados, frutos das pesquisas realizadas por Olweus e por
Roland, em 1989, constatou-se que dentre os 07 alunos, 01 encontrava-se
envolvido na prática do bullying. Em
1993, Olweus lançou sua pesquisa no livro “BULLYING
at the school”. Nessa obra encontravam-se, não apenas os resultados da
pesquisa, mas também, um arcabouço de medidas intervencionistas a fim de
combater o bullying, na medida em que
identifica vítimas e agressores. A obra gerou uma reação em cadeia que resultou
na queda de 50% da incidência dos casos de bullying
no país de origem, a Noruega, bem como na adoção das medidas propostas no livro
na Inglaterra, em Portugal e Canadá. Isso incentivou outros países na igual
adoção destas mesmas medidas.
O programa de intervenção de Owleus tinha a intenção de criar regras
combatentes ao bullying nas escolas,
o qual necessitava do envolvimento de pais e professores, para aumentar a
conscientização sobre o bullying, bem
como a proteção e apoio para as vítimas.
Diversos pesquisadores em todo o mundo têm direcionado seus estudos para
esse fenômeno que toma aspectos preocupantes, tanto pelo seu crescimento,
quanto por atingir faixas etárias, cada vez mais baixas, relativas aos
primeiros anos de escolaridade. Dados recentes apontam no sentido da sua
disseminação por todas as classes sociais e uma tendência para um aumento
rápido desse comportamento com o avanço da idade, da infância à adolescência.
No estudo realizado pela ABRAPIA[4], 40,5% dos 5785 alunos de 5a a 8ª séries
participantes admitiram estar diretamente envolvidos em atos agressivos na
escola.
O bullying é um crescente e antigo
fenômeno social registrado em diversos países e culturas que preocupa o mundo
inteiro, uma vez que pode desencadear distúrbios graves nas vítimas deste tipo
de assédio. As principais conseqüências estão o isolamento da vítima, a piora
no seu nível de aprendizado, a formação de pessoas violentas e em casos mais
graves o suicídio.
[1] Silva, Ana
Beatriz Barbosa, Bullying, mentes perigosas nas escolas, 1ª Ed., Rio de
Janeiro, Objetiva, 2010, p. 21.
[2] Olweus, Dan, Bullying At School, Editora Editora
Blackwell Publishing, 2006, p. 9. “ I define
bullying or victimization in the following general way: A student is being
bullied or victimized when he or she is exposed, repedly and over time, to
negative actions on the part of one or more other students.”
[3] ABRAPIA. Programa de redução do
comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http://
www.bullyng.com.br, acesso em 20/jun/2007.
[4] ABRAPIA. Programa de redução do
comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http://
www.bullyng.com.br, acesso em 20/jun/2007.