sábado, 4 de maio de 2013

BULLYING: CONCEITO, HISTÓRICO E ANTECEDENTE


O Bullying[1] é uma espécie de conduta opressiva, intencional e violenta, onde um indivíduo é assediado por outro ou por um grupo de pessoas que buscam, através de atitudes e palavras, ferir a auto-estima e a imagem da vítima, pelo simples motivo do mesmo ter opinião própria, só que diferente da maioria, e geralmente, não apresentam justificativa.
Entretanto, o criador deste conceito, dá outra conotação ao bullying, descrevendo-o da seguinte forma: "Um estudante está sendo intimidado ou vitimado quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a ações negativas por parte de um ou mais estudantes[2]".
A ABRAPIA[3] detectou que essas relações de intimidação podem se concretizar de várias formas, que vão desde agressões verbais e apelidos desdenhosos à discriminação, à exclusão, ao isolamento e até mesmo em situações mais graves como é o caso da agressão física.
Encontra-se esse quadro em escolas privadas e públicas de nível fundamental e médio. Todavia, o acontecimento do bullying é ignorado e/ ou não admitido por muitas instituições de ensino, ou muitas vezes, ainda o desconhecem ou negam-se a enfrentá-lo. Além desses locais o bullying tem ocorrido dentro das casas, mais precisamente no ambiente virtual (cyberbullying), aonde os pais possui pouca ou nenhuma vigilância. Da mesma forma que as escolas, muitos pais ignoram ou desconhecem a prática dessa violência por seus filhos.
Os estudos sobre o bullying iniciaram-se na Universidade de Bergen, na Noruega, e duraram desde 1978 até 1993, com o professor Dan Olweus juntamente com a campanha nacional anti bullying que ocorreu em 1993.
Na década de 70 Olweus iniciou suas observações sobre agressores e suas vítimas mesmo sem aval ou interesse das escolas sobre o assunto nas instituições de ensino norueguesas.
Para que fossem aguçados os interesses das escolas da Noruega sobre o bullying foi necessário que três rapazes entre 10 e 14 anos cometessem suicídio que segundo indícios foram resultados dessa prática.
  Olweus pesquisou inicialmente cerca de 84.000 estudantes, 300 a 400 professores e 1.000 pais entre os vários períodos de ensino. Um fator fundamental para a pesquisa sobre a prevenção do bullying foi avaliar a sua natureza e ocorrência. Como os estudos de observação direta ou indireta são demorados, o procedimento adotado foi o uso de questionários, o que serviu para fazer a verificação das características e extensão do bullying, bem como avaliar o impacto das intervenções que já vinham sendo adotadas.
O questionário proposto por Olweus consistia de um total de 25 questões com respostas de múltipla escolha, no qual se verificava a freqüência, tipos de agressões, locais de maior risco, tipos de agressores e percepções individuais quanto ao número de agressores. Este instrumento destinava-se a apurar as situações de vitimização e agressão segundo o ponto de vista da própria criança ou adolescente. Ele foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários países, inclusive no Brasil, pela ABRAPIA, possibilitando assim, o estabelecimento de comparações interculturais.
Os primeiros resultados, frutos das pesquisas realizadas por Olweus e por Roland, em 1989, constatou-se que dentre os 07 alunos, 01 encontrava-se envolvido na prática do bullying. Em 1993, Olweus lançou sua pesquisa no livro “BULLYING at the school”. Nessa obra encontravam-se, não apenas os resultados da pesquisa, mas também, um arcabouço de medidas intervencionistas a fim de combater o bullying, na medida em que identifica vítimas e agressores. A obra gerou uma reação em cadeia que resultou na queda de 50% da incidência dos casos de bullying no país de origem, a Noruega, bem como na adoção das medidas propostas no livro na Inglaterra, em Portugal e Canadá. Isso incentivou outros países na igual adoção destas mesmas medidas.
O programa de intervenção de Owleus tinha a intenção de criar regras combatentes ao bullying nas escolas, o qual necessitava do envolvimento de pais e professores, para aumentar a conscientização sobre o bullying, bem como a proteção e apoio para as vítimas.
Diversos pesquisadores em todo o mundo têm direcionado seus estudos para esse fenômeno que toma aspectos preocupantes, tanto pelo seu crescimento, quanto por atingir faixas etárias, cada vez mais baixas, relativas aos primeiros anos de escolaridade. Dados recentes apontam no sentido da sua disseminação por todas as classes sociais e uma tendência para um aumento rápido desse comportamento com o avanço da idade, da infância à adolescência.
No estudo realizado pela ABRAPIA[4],  40,5% dos 5785 alunos de 5a a 8ª séries participantes admitiram estar diretamente envolvidos em atos agressivos na escola.
O bullying é um crescente e antigo fenômeno social registrado em diversos países e culturas que preocupa o mundo inteiro, uma vez que pode desencadear distúrbios graves nas vítimas deste tipo de assédio. As principais conseqüências estão o isolamento da vítima, a piora no seu nível de aprendizado, a formação de pessoas violentas e em casos mais graves o suicídio.



[1] Silva, Ana Beatriz Barbosa, Bullying, mentes perigosas nas escolas, 1ª Ed., Rio de Janeiro, Objetiva, 2010, p. 21.
[2] Olweus, Dan, Bullying At School, Editora Editora Blackwell Publishing, 2006, p. 9. “ I define bullying or victimization in the following general way: A student is being bullied or victimized when he or she is exposed, repedly and over time, to negative actions on the part of one or more other students.”
[3] ABRAPIA. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http:// www.bullyng.com.br, acesso em 20/jun/2007.

[4] ABRAPIA. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http:// www.bullyng.com.br, acesso em 20/jun/2007.